Idosa é deixada em hospital pela família após alta e polícia apura abandono de incapaz
Sobrinhos são investigados por possível abandono de idosa de 72 anos internada por quase um mês em Belo Horizonte. Até o momento, ninguém foi preso. Políc...

Sobrinhos são investigados por possível abandono de idosa de 72 anos internada por quase um mês em Belo Horizonte. Até o momento, ninguém foi preso. Polícia investiga abandono de idosa em hospital de BH A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) investiga um possível crime de abandono de incapaz cometido contra uma idosa de 72 anos, registrado em Belo Horizonte. Segundo a denúncia, ela recebeu alta de um hospital particular nesta semana e não foi buscada por familiares. (saiba mais abaixo) Os suspeitos são um homem e uma mulher, ambos com 44 anos, identificados como sobrinhos da vítima. Até o momento, ninguém foi preso. De acordo com a ocorrência registrada no dia 12 de junho, uma denúncia enviada à Ouvidoria do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania apontava que uma paciente foi deixada no Hospital da Unimed mesmo após receber alta médica. Em nota, a Unimed-BH informou que a paciente permanece internada, mesmo após ter recebido alta médica. A cooperativa afirmou ter acionado a família e comunicado o caso ao Ministério Público de Minas Gerais. A Unimed acrescentou que aguarda a atuação das autoridades e continua prestando assistência médica e apoio psicológico à paciente. Também por meio de nota, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania esclareceu que a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, do Ministério de Direitos Humanos e da Cidadania informou que localizou uma denúncia registrada no disque 100 em 15 de maio de 2025 relativa a possível violação de direitos humanos de pessoa idosa internada no Hospital Unimed Contorno, em Belo Horizonte, Minas Gerais. "Tão logo recebida, a denúncia foi encaminhada aos órgãos competentes para apuração, tais como: Delegacia Especializada de proteção ao idoso de Belo Horizonte Núcleo de Direitos Humanos da Superintendência de Investigação e Polícia Judiciária de Minas Gerais Secretaria Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania de Minas Gerais e Ouvidoria Estadual de Direitos Humanos do Estado de Minas Gerais", disse. Além disso, o órgão explicou que, em 19 de maio, a ONDH recebeu a resposta do Núcleo de Direitos Humanos da Superintendência de Investigação e Polícia Judiciária de Minas Gerais informando que a denúncia foi redirecionada para o Departamento Estadual de Investigação, Orientação e Proteção à Família. "Em 29 de maio o Hospital Unimed Contorno encaminhou parecer psiquiátrico dando conta da alta médica da idosa, bem como a recomendação da Promotoria do Idoso do MPMG, sob pena de responsabilização dos familiares, nos seguintes termos: "O Ministério Público recomenda aos gestores dos Hospitais públicos e privados e demais instituições de saúde do Município de Belo Horizonte/MG que reconduzam a pessoa idosa em situação de alta hospitalar imediatamente ao seio familiar, sob pena de responsabilidade civil e penal do familiar que se recuse a buscá-la, devendo ser o fato comunicado á Delegacia de Polícia e á Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência e Idosos. Não havendo familiar conhecido e apto aos cuidados de que necessita a pessoa idosa em situação de alta hospitalar, que seja seguido, com a urgência necessária e no menor tempo possível, o fluxo de desospitalização, encaminhando-se o idoso para uma Instituição de Longa Permanência para Idosos", destacou. Por fim, ressaltou que o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania "vem acompanhando o caso dentro de suas competências institucionais para apoiar a atuação dos órgãos de todas as esferas federativas e reforça seu compromisso com a proteção dos direitos da pessoa idosa". O g1 também acionou o Ministério Público de Minas Gerais, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem. 26 dias internada sem visitas Policiais foram até o local e constataram que a idosa permaneceu internada por cerca de 26 dias, sem receber visitas ou ter qualquer familiar que se responsabilizasse por sua saída da unidade. Segundo a assistente social do hospital, a paciente deu entrada sozinha, com dores no peito, e se manteve lúcida durante toda a internação. Após a alta, o hospital tentou contato com familiares, mas recebeu como resposta que não haveria possibilidade de buscá-la. A justificativa apresentada foi de que a paciente exigiria muitos cuidados, e que não haveria condições de recebê-la novamente no imóvel em que vivia com parentes. A assistente social relatou que entrou em contato com a sobrinha da idosa, que vive no mesmo imóvel da vítima. Segundo o relato, a parente alegou não ter condições de buscar a tia devido aos cuidados com a filha de cinco anos com deficiência, e ainda afirmou que a idosa era agressiva e portadora de esquizofrenia. No entanto, o hospital afirmou não ter identificado nenhum sinal clínico que justificasse a recusa. A assistente social relatou, ainda, que a sobrinha chegou a enviar roupas para a paciente por meio de um serviço de transporte, mas não providenciou o retorno da tia nem enviou itens como celular ou cartões bancários. Segundo a profissional, o plano de saúde da idosa está com mensalidade em atraso. À polícia, a idosa afirmou que acionou o hospital por telefone e foi levada por uma ambulância. Desde então, permaneceu sem contato direto com os sobrinhos, com quem morava. Ela relatou que os acolheu após a morte da mãe deles, sua irmã, e que desde então os considera como a referência familiar. A idosa também contou que recebe pensão e possui reservas financeiras em contas nos bancos. Ela declarou não saber se os sobrinhos têm acesso aos recursos e que não conseguiu pagar o plano de saúde por estar internada e sem os cartões bancários. O caso segue em apuração pela Polícia Civil, e novas informações poderão ser divulgadas conforme o andamento das investigações. Hospital onde há suspeita de abandono da idosa. Marcelo Abreu/TV Globo Vídeos mais assistidos do g1 MG